Máscara PFF2/N95: é descartável? Posso reutilizar? Tire suas dúvidas

Por Danielle Sanches, do Portal VivaBem

Com o agravamento da covid-19 no Brasil, há algum tempo muitos cientistas vêm recomendando que as pessoas troquem as máscaras de pano ou tecido por modelos PFF2 —ou N95, que é o nome dela nos EUA. Importante dizer que o nível de proteção delas contra o coronavírus (Sars-CoV-2) é maior porque são mais ajustadas ao rosto.

As PFF2 são utilizadas especialmente por profissionais de saúde, mas os especialistas afirmam que para quem não pode ficar em casa e precisa estar em ambientes com alto risco de contaminação (como transporte público) ela é, sem dúvida, a melhor opção. Ou até mesmo se você tem que ir ao mercado, farmácia ou consulta médica.

Alguns perfis no Twitter divulgam muitas informações a respeito das máscaras PFF2: @qualmascara, @PFFparaTodos e @estoque_pff. Há também um site: https://www.pffparatodos.com/. Veja abaixo as principais informações sobre a máscara e tire suas dúvidas:

O que é uma máscara PFF2/N95?

É uma máscara com poder de filtragem maior que as cirúrgicas. A sigla significa Peça Facial Filtrante e ela é considerada um EPI (Equipamento de Proteção Individual), sendo muito usada por profissionais da saúde.

Também chamadas de respiradores, as máscaras PFF2 cobrem nariz e boca, “vedando” o rosto. Isso quer dizer que, além de reter as gotículas, ele ainda protege o usuário de aerossóis (partículas minúsculas que ficam suspensas no ar por alguns minutos) contendo o vírus (além de bactérias e fungos) que possam estar no ambiente.

Importante: a sigla PFF2 é brasileira; nos EUA, ela é conhecida como N95. Já na Europa, ela é chamada de FFP2.

E a PFF2 com válvula?

Devo usá-la? Apesar do visual high-tech, a PFF2 com válvula não é recomendada para uso. Isso porque ela não filtra as partículas de dentro para fora —ou seja, você pode contaminar o ambiente, caso esteja doente.

Se você só encontrar essa versão, dá para adaptar o modelo fechando a válvula com uma fita isolante.

A máscara KN95 é similar?

Não. A máscara chinesa KN95 tem algumas funcionalidades semelhantes à PFF2, porém sua fabricação não tem padronização, dificultando o controle de qualidade.

A Anvisa, inclusive, já publicou uma lista de fabricantes que devem ser evitados por apresentarem falha na eficiência das máscaras comercializadas.

Por que a PFF2 protege mais?

Por dois motivos: primeiro, ela tem uma capacidade de filtragem maior, atraindo e “prendendo” as partículas contaminadas no filtro por meio de ação eletrostática.

Segundo porque a PFF2 tem um ajuste melhor no rosto, com aro para ajustar a vedação da peça, impedindo que as partículas contaminadas entrem por meio do espaço entre o nariz e os olhos —o que pode acontecer com as máscaras cirúrgicas ou as de tecido, por exemplo.

Em quais situações é melhor usar?

A PFF2 deve ser usada quando for absolutamente necessário estar em locais com pouca ventilação e/ou aglomeração de pessoas.

Exemplos: transporte público, avião, mercados, ambientes hospitalares, escolas, etc. Os especialistas, no entanto, ressaltam que a máscara não elimina 100% dos riscos. O melhor, mesmo, é evitar sair de casa sempre que for possível.

Por que elas estão sendo recomendadas agora?

As máscaras PFF2 sempre foram as mais recomendadas; no entanto, no início da pandemia, pela pouca quantidade disponível, o uso foi priorizado apenas para profissionais da saúde.

Atualmente, a indústria conseguiu adequar a produção à demanda e, por isso, ampliou-se a recomendação. De acordo com a Animaseg (Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho), o número de fabricantes de máscaras PFF2 mais que dobrou desde o início da pandemia.

A máscara PFF2 é muito cara?

Não. Com o aumento da produção nacional e a maior oferta do produto, o preço das máscaras se tornou mais acessível. É possível encontrar modelos de boa qualidade a partir de R$ 2 (a unidade). O site PFF Para Todos mapeia ofertas em todo o país.

Como sei se estou usando corretamente?

Após posicionar os elásticos corretamente na cabeça, ajuste o clipe de metal no nariz para adequar ao rosto.

Uma dica para saber se está bem ajustada é assoprar o ar e ver se ela infla. Se houver algum espaço por onde o ar esteja saindo, a máscara precisa ser ajustada novamente.

Importante ressaltar: normalmente os modelos de PFF2 aprovados por Anvisa e Inmetro têm elásticos que prendem atrás da cabeça, e não atrás da orelha. Diz a norma: “Os tirantes (elásticos) podem ser ajustáveis ou autoajustáveis e devem ser suficientemente robustos para manter a PFF firme na posição”.

Por esse motivo, os fabricantes sérios de máscaras PFF2 optam pelos elásticos atrás da cabeça, já que eles mantêm a máscara no lugar e bem vedada.

Todo mundo precisa ter uma?

Não necessariamente. De acordo com a Anvisa, as PFF2 ainda são de uso prioritário dos profissionais da saúde —portanto, o ideal é que você adquira uma apenas se for realmente necessário se expor a ambientes com alto risco de contágio.

Devo limpar a máscara com álcool ou lavar com sabão?

Não. Nunca! Assim como a máscara cirúrgica, esses produtos interferem na camada de filtragem da máscara, comprometendo a proteção. Por isso, é proibido lavar com sabão, passar pano úmido com desinfetante (ou qualquer outro produto) ou borrifar álcool.

Posso reaproveitar minha máscara PFF2?

Sim. Basta deixar a máscara “descansando” em local arejado —pode ser até no varal, mas sem sol direto— entre 3 a 7 dias após o uso. É recomendado descartar caso ela esteja rasgada ou com aspecto envelhecido.

Não tenho acesso a uma máscara PFF2. E agora?

Há algumas alternativas: usar a máscara cirúrgica de três camadas e prender a área próxima do nariz com esparadrapo para vedar melhor; ou então usar uma máscara cirúrgica por baixo e uma de pano por cima (sempre observando se há espaços por onde o ar está saindo/entrando).

Em último caso, vale usar até duas máscaras de pano para aumentar a barreira física entre o rosto e o ambiente. O mais importante é: fique em casa e, se for necessário sair, use máscara adequadamente e redobre os cuidados de higiene.

 

Fontes consultadas: Beatriz Klimeck, doutoranda em saúde coletiva na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), idealizadora do perfil “Qual Máscara?” no Instagram e no Twitter; João Prats, médico infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA; e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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